segunda-feira, 20 de junho de 2016

Entrevista com o Profº José Fortunato Fernandes


Entrevista com o professor José Fortunato Fernandes, autor da obra
“Educação musical de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa através do canto coral”



O livro por si só instiga o leitor a atribuir sentidos. Consideramos, todavia, que a palavra do autor sobre as condições de produção do seu texto pode acrescentar elementos para os sentidos.
Assim, apresentamos, a seguir, o diálogo:

Como é o professor-escritor?
O professor-escritor é um curioso dos fenômenos que acontecem a sua volta que quer registrar por meio de textos os resultados de suas observações. No meu envolvimento com a educação musical de adolescentes que estavam cumprindo medida socioeducativa, minha curiosidade estava voltada para os efeitos positivos que a música poderia surtir na vida desses adolescentes. Mas, além de saber sobre educação e música, seria preciso conhecer os pontos comuns na trajetória de suas vidas, sua visão de mundo e a forma como se relacionam com esse mundo.
Um bom texto precisa ser instigante, envolvente. E é isso que tento fazer quando escrevo. Recebi algumas críticas pelo fato de meu livro, que é minha tese de doutorado, ter sido escrito um pouco fora dos padrões. É um pouco “romantizado”.

Como esta obra foi concebida?
O livro foi concebido a partir das observações feitas em aulas de música dentro da extinta Fundação Estadual do Bem Estar do Menor – FEBEM, em São Paulo, por quatro anos e meio. Após uma pesquisa bibliográfica nas áreas da música, da educação, da sociologia e da psicologia, foi feito um trabalho de campo dentro de uma Fundação CASA. Os relatos desse trabalho de campo, entremeados por análises relacionadas às áreas pesquisadas, compõem o último capítulo do livro. 

Com que propósitos?
O propósito do livro é auxiliar educadores musicais que queiram trabalhar com adolescentes que cumprem medida socioeducativa. Quando comecei o trabalho de educação musical na FEBEM, o meu conhecimento era restrito à música e à educação. Mas para ensinar esse público é preciso saber mais do que isso. Na época não havia nenhuma literatura que desse algum tipo de orientação. Por isso me empenhei para dar minha contribuição à sociedade.

Para quais leitores?
O público-alvo principal são os educadores musicais que se propõem a trabalhar com adolescentes que cumprem medida socioeducativa. Mas as informações contidas no livro poderão auxiliar educadores que trabalham de uma forma geral com adolescentes.

Gostaria de acrescentar algo?
Sim. Gostaria de dizer que o trabalho com adolescentes que cumprem medida socioeducativa, seja na área artística, esportiva ou qualquer outra área, só terá sucesso quando houver uma parceria política. Quando o Estado, responsável pela reeducação desses adolescentes, apoia e investe em tais iniciativas, os resultados são surpreendentes. São descobertos novos artistas, novos esportistas, que conseguem modificar o rumo de suas vidas. Mas quando não há apoio do Estado, o trabalho torna-se em vão e os adolescentes saem das instituições correcionais piores do que quando entraram. O meu livro traz essa perspectiva, dando uma visão do que acontece nos bastidores de tais instituições.

A EdUFMT tem imensa satisfação pela publicação de seu livro. Agradecemos suas palavras. Desejamos o sucesso merecido!


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